Etiqueta e Boas Maneiras

O bom comportamento é algo difícil de ser ensinado. E talvez por isso seja sempre raro de ser encontrado. Além de que educação enferruja por falta de uso.

As boas maneiras são uma noção geral da lida e da boa convivência com os outros, que vai bem além do uso correto dos talheres e de dizer obrigado ao receber uma gentileza.

Boas maneiras poderiam ser resumidas em uma única palavra: Elegância.

"A verdadeira polidez é a linguagem de um bom coração, e aqueles que possuem esse coração nunca, sob nenhuma circunstância, serão rudes. Eles não podem entrar com graça em um salão lotado; podem ser totalmente ignorantes das boas maneiras; podem ser desajeitados à mesa, sem gramática na fala; mas eles nunca serão ouvidos falando de forma a ferir os sentimentos de outra pessoa; eles nunca serão vistos incomodando os outros buscando apenas sua própria conveniência pessoal; eles sempre se esforçarão para colocar todos em volta à vontade; eles serão abnegados, amigáveis, altruístas; verdadeiramente em palavras e ações, educados."

Florence Hartley, The Ladies Book of Etiquette and Manual of Education (1860)

É o correto proceder que se adota mesmo quando não há festa alguma, nem ninguém nos olhando, simplesmente porque é o certo a se fazer, e portanto, se faz espontaneamente.

Começa pela pontualidade. Passa pela gentileza, mas não termina nunca.

É aquela postura generosa de quem elogia mais do que critica e escuta mais do que fala. E olha nos olhos quando conversa. E quando fala, discute fatos e ideias, e não, pessoas. E não altera o tom da voz ao se dirigir a garçons ou frentistas. E evita assuntos constrangedores porque compreende que não é legal expor os outros. E demonstra interesse por assuntos que desconhece.

E sabe a hora de calar, quando o silêncio vale ouro. Acontece diante de rejeições, de desacordos e de quando o assunto ruma para o desconforto de alguém presente.

Elegância é a qualidade de quem presenteia fora das datas festivas, nem que seja simplesmente com flores. E quando vai a algum jantar ou encontro de amigos, sempre leva algo para o anfitrião.

Cumprir o que promete lhe torna, além de elegante, confiável. E quando faz algo por alguém, este alguém jamais saber o que você teve que se arrebentar para faze-lo.

Ser alguém folgado, ou convencido, ou arrogante lhe torna MUITO deselegante. A humildade é, para além de elegante, uma virtude deveras apreciada por quem vale a pena. Não a humildade hipócrita de quem se rebaixa, e sim a humildade de quem sabe o seu devido lugar. Se está abaixo, fica abaixo, se está acima, fica acima, com a naturalidade que lhe é merecida.

Assim se tornará autêntico, e como brilham as pessoas autênticas, aquelas que se poliram de tal maneira, que agradam sem precisar alterar sua essência.

Reconhecer e retribuir favores e gentilezas é, além de elegante, uma bela virtude cujo nome é gratidão.

Havia um tempo, e em muitos lugares isso ainda acontece, quando sobrenomes e títulos sociais, além da opulência material, eram levados em conta ao se fazer juízo de alguém. Hoje é mais autêntico não se fazer esse juízo, mas, se a tentação for grande, que se faça com base nos gestos da pessoa.

Sorrir, sempre é muito elegante.

Nosso erro é sempre ter como frescura o que são bons modos. Bons modos, ou boas maneiras, ou ainda etiqueta, não são coisa de gente rica. São coisa de gente fina e agradável. E não há manual de etiqueta que afirme que você precise ter muito dinheiro para ser fino e educado. Muito pelo contrário. Quanto mais agradável você se torna, mais estimado será e mais digno se sentirá.

A dignidade está na generosidade de se fazer o bem - nem que seja sendo minimamente agradável - e não em suas posses.

Todos nascemos grosseiros, isso não pode ser mudado. Mas morrer grosseiro é uma escolha nossa.